FONTE: Abaixo-assinado

Preocupadas com os impactos socioambientais de megaprojetos de mineração previstos para o Rio Grande do Sul, diversas entidades ambientais, sindicais, associativas e movimentos sociais se reuniram no último dia 29 de maio, na sede da APCEF/RS, em Porto Alegre, para a criação do Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande do Sul (CCM/RS).
Um dos projetos é o Mina Guaíba, que está em processo de licenciamento para se instalar em uma área de 5.000 hectares nos municípios de Charqueadas e Eldorado do Sul. Nesse local, a mineradora privada brasileira Copelmi pretende extrair uma reserva estimada de 166 milhões de toneladas de carvão com baixo poder calorífico e alto teor de cinzas. O empreendimento tem alto impacto socioambiental: a reserva está na zona de influência da APA e Parque do Delta Jacuí, Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, bem tombado pelo IPHAE como patrimônio cultural e paisagístico do RS, e a apenas 1,5 km do Rio Jacuí, responsável por mais de 80% da água que chega ao Guaíba, abastecendo Porto Alegre e parte da Região Metropolitana. O projeto prevê, dentre outros impactos, o rebaixamento do lençol freático, o desvio de arroios, ocasionará piora na qualidade do ar e expulsará diversas famílias de seus territórios, incluindo moradores do loteamento Guaíba City e agricultores do Assentamento Apolônio de Carvalho, responsável por importante produção de arroz agroecológico e com certificado orgânico.
Outros três grandes projetos, de igual importância, atestam que o Rio Grande do Sul entrou definitivamente na mira das empresas mineradoras, com o apoio do Governo do Estado e de prefeituras, iludidos pelas promessas de geração de empregos e incremento nas suas receitas, como se a mineração fosse a nova boia de salvação da economia gaúcha. O projeto em estágio mais avançado é o Retiro, para o qual a RGM (Rio Grande Mineração) conseguiu licença prévia do Ibama para extrair titânio da faixa de areia localizada entre o Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos, no município de São José do Norte, no litoral sul gaúcho. Os demais projetos ainda buscam a licença prévia junto à Fepam, órgão de licenciamento estadual. Às margens do Rio Camaquã, em Caçapava do Sul, a empresa Nexa Resources (multinacional do Grupo Votorantim) tenta autorização para extrair zinco, chumbo e cobre de uma mina a céu aberto com vida útil de 20 anos. Em Lavras do Sul, o alvo da empresa Águia, através do projeto Três Estradas, é o fosfato; esse empreendimento inclui uma barragem de rejeitos e é de grande interesse do agronegócio.
Em pleno século XXI, quando se acentua o debate sobre a crise climática e as ameaças à biodiversidade, às comunidades tradicionais, à qualidade de vida, e em suma ao futuro do planeta, transformar o Rio Grande do Sul em uma nova fronteira minerária e em um grande polo carboquímico nos posiciona na contramão da história! Existe uma tendência mundial de diminuição na exploração do carvão, porque a atividade coloca em risco tanto a saúde da nossa gente quanto o meio ambiente, já que o combustível é um dos maiores responsáveis por emissões de CO2, que provoca o efeito estufa.
Além desses quatro projetos, ainda existem mais de 150 projetos de mineração em solo gaúcho, que, se conseguirem se instalar, poderiam elevar o RS ao patamar de terceiro estado minerador do país. Os impactos negativos na vida de indígenas, quilombolas, pescadores, assentados, pequenos agricultores, e moradores do campo e da cidade, ou seja, de todos nós, são altos demais. Mas ainda há tempo de construirmos uma cultura de territórios livres de megamineração. É preciso garantir a realização de audiências públicas em todas as cidades envolvidas e, caso o governo queira levar adiante esses projetos de destruição, a decisão final deve ser do povo gaúcho, através de plebiscitos.
Temos o direito de decidir, de maneira soberana, entre a vida ou a destruição!
Fazemos um chamamento para que todas as entidades, movimentos e pessoas comprometidas com a defesa da vida e contra os impactos dos projetos de megamineração subscrevam este manifesto. Esta luta não é apenas das entidades ambientalistas, mas de todos que se importam com a vida.
Porto Alegre, 18 de junho de 2019.
ENTIDADES QUE SUBSCREVERAM O MANIFESTO DO COMITÊ DE COMBATE À MEGAMINERAÇÃO
- Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do RS (APCEF/RS)
- Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan)
- Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA Guaíba)
- Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM)
- Raiz Movimento Cidadanista do Rio Grande do Sul
- Seção Sindical Andes – UFRGS
- Sindibancários Santa Cruz do Sul e Região
- Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região
- Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região
- União pela Preservação do Rio Camaquã (UPP – Rio Camaquã)
- Núcleo de Estudos em Gestão Alternativa da UFRGS
- Observatório dos Conflitos do Extremo Sul do Brasil
- Associação para Grandeza e União de Palmas (AGrUPa)
- Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região
- Central [Única dos Trabalhadores (CUT/RS)
- Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi/RS)
- Aliança Ecossocialista Latina Americana (AELA)
- Movimento de Luta Socialista (MLS)
- Preserva Belém Novo
- Central Sindical e Popular (CSP- Conlutas RS)
- Movimento de Mulheres em Luta (MML)
- Greenpeace Porto Alegre
- Amigos da Terra Brasil
- Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM)
- Sociedade Ecológica de Santa Branca (SESBRA – SP)
- Sociedade para a Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba
- SOS Manancial – SP
- Instituto MIRA-SERRA
- Fundação Luterana de Diaconia (FLD)
- EcoLavras Bioma Pampa
- Coletivo de Entidades Ambientalistas do Estado de São Paulo
- Campanha Billings – Eu te quero Viva – SP
- Associação Comunitária Jardim Isabel (ASCOMJISA)
- Sindicato dos Bancários do Vale do Caí e Região
- Sindicato dos Técnico- Administrativos da UFRGS (ASSUFRGS)
- Associação Cultural Rádio Ipanema Comunitária
- Coletivo A Cidade Que Queremos – Porto Alegre
- Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa
- CPERS Sindicato
- Intersindical – Central da Classe Trabalhadora RS
- Instituto Zen Maitreya
- Instituto Cultural Padre Josimo
- Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST RS)
- Conselho Estadual dos Povos Indígenas – CEPI RS
- Marcha Mundial das Mulheres
- Fórum Ambiental de Porto Alegre
- Coletivo Catarse
- Associação do Voluntariado e da Solidariedade (AVESOL)
- Movimento Preserva Arroio Espírito Santo
- Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV RS)
- Movimento Roessler para Defesa Ambiental – Novo Hamburgo
- Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul (SEMAPI RS)
- Frente Parlamentar em Defesa da Alimentação Saudável RS
- Coletivo Ambiental Mina Guaíba
- Unidade Popular pelo Socialismo
- Partido Verde RS
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST – RS)
- Cooperativa Central dos Assentamentos do RS (COCEARGS)
- Fórum Justiça
- Associação dos Servidores do IBAMA (ASIBAMA RS)
- PSOL Guaíba
- Coletivo Cultural Abayomi de Luta Pela Cultura Negra
- Movimento Alicerce
- Setorial Ecossocialista do PSOL RS
- Núcleo 34 do CPERS – Região Carbonífera
- Centro Comunitário e Desenvolvimento dos Bairros Tristeza, Pedra redonda e Vilas Conceição e Assunção
- Preserva Zona Sul
- ONG Toda Vida
- Diretório Acadêmico dos Estudantes de Biologia (DAIB UFRGS)
- Associação Juízes para a Democracia – AJD
- Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas – Seção Sindical do ANDES – SN (ADUFPel SSind)
- Associação de Desenvolvimento Comunitária do São João Batista – Pinheiro Machado – RS
- 8 M – Greve Internacional de Mulheres – Porto Alegre – RS
- Professores da UFRGS pela Democracia
- Instituto de Comunicação Social e Cidadania – Incomun
- Sindicato dos Farmacêuticos no Estado do Rio Grande do Sul- SINDIFARS
- 350.org Brasil
- Arayara – Sustentabilidade
- COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil