Fonte: Ricardo Almeida
Tem dias que bate um desânimo, pois acho que estamos sucumbindo por excesso de palavras (sem ações concretas) e por reproduzir uma cultura política muito influenciada pela cultura “das celebridades”, formada apenas para fotografar e assistir ao espetáculo. Por exemplo: eu considero de fundamental importância participar, analisar e refletir sobre o papel de outras opiniões políticas… Pois, por meio delas é que podemos reconhecer e combinar ações com pessoas que possuem diferenciadas interpretações e representações da mesma realidade.
Nesses fóruns presenciais é que passamos a reconhecer e inserir elementos objetivos, subjetivos e simbólicos na nossa análise, e a perceber a importância dos diferentes atores sociais com as suas diferentes visões de mundo. Eu entendo que essa atitude de reunir é fundamental para quem quer abandonar aquela velha mania de ser “técnico” da partida de futebol e ter opinião fechada sobre quase tudo. Somente assim vamos perceber que de nada vale contrapor a todo custo a opinião do “outro”, apenas para provocá-lo. Que a nossa realidade é diversificada, cheia de contradições e de influências étnico-culturais para ser reduzida a uma homogeneidade política e cultural.
Na verdade, somente assim vamos reconhecer o descompasso que ainda existe entre a mentalidade colonial europeia que nos foi imposta e a mentalidade mítica/mágica da realidade, com as influências dos povos indígenas, africanos e orientais que sempre estiveram por aqui… E que essa conjunção entre a razão e os mitos será o fio da meada para a compreensão e aquisição de novas sensibilidades e habilidades.
São oportunidades como esta que nos lembram e advertem que ainda estamos formando gerações e gerações de pessoas que só pensam em soluções egoístas, e criando (?) os nossos filhos e netos em quartos fechados. Que o incentivo ao consumo só serviu como regra para alimentar os anunciantes de programas de TV, alguns templos religiosos e as suas promessas de prosperidade. É preciso combater todas essas apologias ao insignificante, pois elas se tornaram práticas comuns em diversos programas de rádio, de televisão, na internet e também em algumas rodas sociais. Trata-se de uma guerra de des-in-formação que deixou a grande maioria dos brasileiros e brasileiras confusa e desorientada.
Os desmandos da política não vão desaparecer como num passe de mágica. Precisamos compreender que o Paraíso e a Terra Prometida são criações de um pensamento puramente maniqueísta e idealista. Que nós teremos aquilo que encontrarmos dentro de cada um de nós… Sem ilusões!
Afinal, nós recém estamos aprendendo as regras de jogo e vendo que este jogo não tem fim… Quem ficar na arquibancada torcendo para que surja algum mecenas ou que o juiz faça uma leitura correta das regras do jogo não entendeu a dureza da parada. Somente depois de refletir sobre tudo isso, e de olhar nos olhos dos meus amigos e amigas, eu volto a me convencer de que é preciso resistir para defender os nossos direitos e para realizar todas as nossas fantasias.